Lorca, Morente E O Duende Português De Leonard Cohen

O flechada aconteceu quando eu tinha 15 anos e vagava pelas ruas de Montreal tentando encontrar sua voz. Estava curioseando em uma loja de livros em segunda mão e os seus olhos pararam em um exemplar de “The Selected Poems Of Federico García Lorca”. Em sua biografia “eu Sou seu homem” (Lumen), a jornalista Sylvie Simmons descreve aquele instante como “o big bang de Leonard, o momento em que a poesia, a música, o desejo sexual e desejo espiritual colidiram e se combinaram pela primeira vez”. “O ojearlo, parou em “Gazela do mercado matinal”. O poema fez com que se lhe erizara o pêlo”, diz Simmons.

Como um pássaro em um fio, Cohen caçou o voo para Lorca e ficou subjugado por aquele poeta que “escrevia como se a música e a poesia obtiveram o mesmo fôlego”. “Somente quando li as obras de Lorca, percebi que tinha uma voz.

deu-Me permissão para achar uma voz, pra descobrir o eu, um eu que não está tudo terminado, que disputa por sua própria subsistência”, recordaria Cohen absorver-se em 2011 o prêmio Príncipe de Astúrias de Letras. Tal foi a sua devoção que, além de batizar a filha com o nome de Lorca, em 1986, juntou-se ao disco “Poetas em Nova York”, com a maravilhosa “Take This Waltz”, adaptação do “Pequeno valsa” lorquiano. Inclusive viajou a Granada pra fazer um filme postal e visitar a casa museu de Fonte de Brim, onde protagonizou uma sessão improvisada de meditação no celeiro.

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Não estranha que Laura García Lorca, neta do poeta, lamentase ontem a morte de Cohen como “uma extenso perda pessoal”. “Era um excelente poeta, com uma extraordinária voz que nos leva a acompanhar mais de cinqüenta anos”, declarou”. Pouco após seu desabafo lorquiano, Cohen descobriria o flamengo em Montreal, devido a um “jovem de cabelo negro que tocava perto aos campos de ténis, uma deprimido melodia espanhola”. Um par de gestos lhe bastaram para convencê-lo de que o ensinasse a tocar guitarra.

Na segunda classe, Cohen entendeu a progressão flamenga de 6 acordes. Na terceira, a técnica do tremolo. Na quarta não houve nada que aprender, já que o professor não se apresentou. Aquelas lições, mas, se tornaram a apoio de todas as suas canções, uma coisa que entendeu a primeira Enrique Morente após ouvir as mudanças flamingos de “First We Take Manhattan”.

Normal que, na hora de defrontar a “Omega”, um de seus projetos mais corajosos, o cantor se transformasse em dobradiça entre Cohen e Lorca e fechar o círculo gravando tua própria versão do “Pequeno valsa vienense”. Cohen, escusado expressar, ficou surpreendido com o efeito.

Assim, pois que, convém reconhecer entre o cinema norte-americano que trata de povos latinos do cinema dos países latinos. Na América Latina ficará bem mais ênfase em um cinema de menos orçamento, que contará dramas socioculturais ou de denúncia dos abusos cometidos pelas potências ocidentais. É de sublinhar o nacionalismo e a vezes socialismo do cinema latino-América (incluindo o de Quebec).